segunda-feira, 5 de maio de 2008

O quarto da ignorância




No quarto escuro ...a luz não fazia falta. Imaginação era seu mundo. Quando pequeno já sabia que era diferente, limitado fisicamente, teve que se adaptar.
Suas brincadeiras eram sem sentidos, brincava com sua voz, brincava com seus dedos, brincava com seus cabelos... só não tinha brinquedos.
A vida não poderia ser melhor, diversão era condição não entretenimento.
A vida pode ser cruel ou não, só depende do seu ponto de vista, à todos ele não tinha nada, nem um cachorrinho para um amor incondicional, à ele, não sentia falta, talvez porque nunca teve, assim sentir falta do que não conheceu, não fazia sentido.
Difícil é notar a diferença de tonalidade das cores com as mudanças de luminosidade, e para ele, era a diversão qualquer diferença entre os negros do teto...
Ser sozinho é uma arte, violenta arte que atormenta ser humano, é quase ser bicho, e querer destruir, mas não nesse caso...
Ser sozinho é ser sozinho quando em algum momento isso não foi...

“A vida toda ficou ali,
Sem saber o que havia além disso,
Por isso não sabia se era bom ou ruim
Tudo isso e mesmo só isso,
Adaptou-se e mesmo não precisou se adaptar.
Seu pouco era o tudo
Seu nada era menos ainda.
De qualquer forma era feliz
Da forma idiota serena e plena
E não sabia nada disso...”

Parte dele chorava a falta que nunca existiu.
Parte dele queria parar por ali.
Parte dele queria romper a porta.
Parte dele já estava morto.
A ignorância mata.

2 comentários:

Milene disse...

gostei da ultima parte::: "parte dele..."


ignorância mata!!!!


=D

mano maya kosha disse...

e nossos fragmentos querem reinar sobre o que somos, e aquela parte sólida que não conhecemos, pode se esvair a qualquer momento, e nos aniquilar ...