quinta-feira, 28 de outubro de 2010

tarde que arde.






"quem de três milênios,
não é capaz de se dar conta
Vive na ignorância, na sombra,
À mercê dos dias, do tempo.
J.W Goethe





[...calor seco de suor pegajoso, do quente branco e vermelho, calor ignorante nada gostoso, da preguiça melada e trabalho tedioso.]



...era só mais uma tarde muito quente e seca de um domingo qualquer de Agosto, louco, esquecido ano. Eu ali, não mais aqui, tentando pensar o quanto o calor me deixa irritado, me tornando ainda mais irritante, deitado na cama, no meu quarto branco e pouco arejado, tentando achar posição, de forma que meu corpo tivesse o menor contato com o seco lençol, assim não o esquentando, e ele não retornando o calor a mim, e o deixasse úmido, com o menor suor, me causando ainda mais calor, pegajoso... A mente humana fica ignorante, em situações assim, a minha, então..., ficou áspera, institiva, e rodava, ...rodava, pensei em água, gelo, banho, mas a preguiça proporcionado pelo idiota abafamento tedioso, me tornou ignorante, e concluí que somos animais idiotas, quis logo ser um reptil, sangue gelado, pele gelada = cama gelada, lençol gostoso, deve ser genial isso, ...mas, dizem que eles sofrem ainda mais com o calor... e daí...?[hehe] queria ter sangue gelado mesmo assim, e viver por aí no meio das matas, matos, caçar e ser caçado, ...parece ter mais sentido uma vida dessa... que a nossa. Um lagarto, aqueles grandões, dragões de komodo, esses que incomodam todo mundo só pela aparência, raivoso, ...pronto, isso mesmo, sou um dragão de komodo.

.... algo bem melhor que ficar mastigando esse tédio, idiota.


Não!

Acabou, de novo aqui, eu mesmo, mais a realidade e um pouco do gelo do dragão.

3 comentários:

Milene disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Eloana disse...

Ai miserável de mim e infeliz!
Apurar, ó céus, pretendo,
já que me tratais assim,
que delito cometi
contra vós outros, nascendo;
que, se nasci, já entendo
qual delito hei cometido:
bastante causa há servido
vossa justiça e rigor,
pois que o delito maior
do homem é ter nascido.

E só quisera saber,
para apurar males meus
deixando de parte, ó céus,
o delito de nascer,
em que vos pude ofender
por me castigardes mais?
Não nasceram os demais?
Pois se eles também nasceram,
que privilégios tiveram
como eu não gozei jamais?

Nasce a ave, e com as graças
que lhe dão beleza suma,
apenas é flor de pluma,
ou ramalhete com asas,
quando as etéreas plagas
corta com velocidade,
negando-se à piedade
do ninho que deixa em calma:
só eu, que tenho mais alma,
tenho menos liberdade?

Nasce a fera, e com a pele
que desenham manchas belas,
apenas signo é de estrelas
graças ao douto pincel,
quando atrevida e cruel,
a humana necessidade
lhe ensina a ter crueldade,
monstro de seu labirinto:
só eu, com melhor instinto,
tenho menos liberdade?

Nasce o peixe, e não respira,
aborto de ovas e lamas,
e apenas baixel de escamas
por sobre as ondas se mira,
quando a toda a parte gira,
num medir da imensidade
co'a tanta capacidade
que lhe dá o centro frio:
só eu, com mais alvedrio,
tenho menos liberdade?

Nasce o arroio, uma cobra
que entre as flores se desata,
e apenas, serpe de prata,
por entre as flores se desdobra,
já, cantor, celebra a obrada natura em piedade
que lhe dá a majestade
do campo aberto à descida:
só eu que tenho mais vida,
tenho menos liberdade?

Em chegando a esta paixão
um vulcão, um Etna feito,
quisera arrancar do peito
pedaços do coração.
Que lei, justiça, ou razão,
nega aos homens - ó céu grave!
privilégio tão suave,
exceção tão principal,
que Deus a deu a um cristal,
ao peixe, à fera, e a uma ave?"


o post me lembrou..

mano maya kosha disse...

num clima que talvez dilacera o corpo, enraivece a alma, mas instiga a mente ... muito bom ... novamente